Uma das questões centrais com que temos de lidar é a promoção de posturas rebeldes em posturas revolucionárias que nos engajam no processo radical de transformação do mundo. A rebeldia é o ponto de partida indispensável, é deflagração da justa ira, mas não é suficiente. A rebeldia enquanto denúncia precisa se alongar até uma posição mais radical e crítica, a revolucionária, fundamentalmente anunciadora. A mudança do mundo implica a dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua superação; no fundo, o nosso sonho”.
(Paulo Freire)
“Como explicar que um homem, analfabeto até poucos dias, escreva palavras com fonemas complexos antes mesmo de estudá-los. É que, tendo dominado o mecanismo das combinações fonêmicas, tentou e conseguiu expressar-se graficamente como fala.
A afirmação que nos parece fundamental de ser enfatizada é a de que, na alfabetização de adultos, para que não seja puramente mecânica e memorizada, o que se há de fazer é proporcionar-lhes que se conscientizem para que se alfabetizem.
Daí à medida que um método ativo ajuda o homem a se conscientizar em torno de sua problemática, em torno de sua condição de pessoa, por isso de sujeito, se instrumentalizará para suas opções.
Aí então, ele mesmo se politizará. Quando um ex-analfabeto de Angicos, discutindo diante do presidente Goulart e sua comitiva, declarou que já não era massa, mas povo, disse mais do que uma frase: afirmou-se conscientemente uma opção. Escolheu a participação decisória, que só o povo tem, e renunciou a demissão emocional das massas. Politizou-se.”
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