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19 de setembro de 2011

O PROBLEMA É DE JORNADA ESCOLAR?

EDITORIAL

Maior jornada escolar

Publicado em 19 de setembro de 2011
A escola de tempo integral é meta ainda muito distante na realidade brasileira, embora à ideia sejam favoráveis educadores, administradores escolares e pais de alunos. A experiência tem demonstrado ser este caminho o mais indicado para elevar a qualidade da aprendizagem. Entretanto, a repercussão de uma iniciativa como esta impede, por enquanto, a sua concretização. As escolas públicas funcionam em dois e três turnos, inviabilizando, por enquanto, o tempo integral.

Também o contingente de professores ocupados com o tempo parcial de aulas seria insuficiente para o regime de dedicação exclusiva. Assim, mais tempo na escola exigiria novas instalações físicas e maior número de docentes para atender à demanda remanescente dessa carga horária adicional. Por consequência, os orçamentos públicos sofreriam ampliação substancial para corresponder à duplicação da rede escolar em busca da melhoria de qualidade.

Contudo, o Ministério da Educação lançou o tema ao debate público, durante o congresso de educadores promovido pelo Movimento Todos pela Educação. A ideia defendida pelo MEC, por enquanto, expõe soluções parciais, como a elevação do número de dias letivos, a cada ano. Os atuais 200 dias de aula, obrigatórios para a rede escolar do ensino básico, pública e privada, seriam dilatados para 220 dias. A maior permanência do aluno em sala de aula seria um fator destinado a concorrer para a melhor qualidade da aprendizagem.

A outra saída, posta ao debate, seria a elevação do total de horas de aulas por dia. Essas duas opções estão longe de alcançar as vantagens do tempo integral. Ainda assim, elas se distribuem entre grupos distintos, contrários e a favor, tanto da extensão do ano letivo, como da ampliação da carga horária diária. Os partidários das mudanças aliam também a necessidade de reforçar o orçamento nacional destinado à educação. O ministro Fernando Haddad, defensor das inovações, chega a acenar com a hipótese de ampliar o financiamento educacional, elevando-o de 5% do PIB nacional para 7%. Os educadores elegem 10% como um pleito coletivo.

Os críticos da tese de ampliação da carga horária recorrem a um estudo promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento(OCDE),durante os anos letivos 2007 e 2008,com professores e alunos da 5ª a 8ª séries, em 23 países emergentes. Nas conclusões do estudo, os mestres brasileiros lideram o desperdício de tempo em atividades não diretamente relacionadas como o aprendizado, como as questões disciplinares e administrativas.

Os pesquisadores da OCDE filmaram e compararam aulas de matemática ministradas no Brasil, em Cuba e no Chile. Os professores brasileiros reservam 30% do tempo a atividades de grupo. O rendimento, no entanto, é mínimo por conta das conversas paralelas, das brincadeiras e da pouca resolução de problemas. Por isso, apenas 69% das horas-aula seriam realmente dedicadas ao ensino.

Os resultados do último Enem, quando 52% dos alunos ficaram abaixo da média exigida, reabriu o debate da melhoria na qualidade da escola e da elevação de seu financiamento.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE

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