Especialistas defendem que pesquisas devem ter objetivos sociais
UnB Agência
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Em debate no campus de Planaltina, pesquisadores apontam descompasso entre estudos produzidos nas universidades e necessidades da sociedade, e defenderam estratégia para orientar a produção acadêmica
A falta de uma estratégia para orientar a produção de pesquisas científicas nas universidades foi apontada por especialistas reunidos na Faculdade UnB Planaltina, no final da tarde desta segunda-feira, como uma das causas que emperra o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil. Professores e pesquisadores acreditam que existe um excesso de liberdade na escolha dos temas de teses e dissertações produzidas nas academias e alertaram para a necessidade de criação de um sistema que estimule a produção em áreas consideradas essenciais e carentes de estudos.
O professor Edgar Costa, da Faculdade UnB Gama, lembrou que o número de mestres e doutores formados no país é alto, mas o conhecimento produzido não se reflete em avanços substanciais em ciência e tecnologia. “Para muitos que cursam o mestrado ou doutorado, esses títulos são apenas um acréscimo no salário. Poucos estão preocupados com as transformações sociais que seus trabalhos podem gerar”, afirmou.
Para ele, é preciso que alunos e professores estejam atentos aos impactos das pesquisas produzidas, de maneira que estejam alinhadas com as demandas da sociedade. E mencionou a fome e o saneamento como temas que deveriam incitar um número muito maior de pesquisas do que as produzidas atualmente. “Nem nós da UnB conseguimos mensurar o que produzimos. Não sabemos se realmente é útil ou não. Devemos ser o primeiro local a incorporar as tecnologias produzidas aqui”, argumentou. Ele apontou ainda problemas como grades curriculares ultrapassadas, professores sem formação continuada e centros de tecnologia e universidades sucateados como fatores prejudiciais para formulação de políticas.
Renato Dagnino, professor do departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), relacionou o número de pesquisadores com o de contratações no mercado de trabalho. Segundo ele, entre os anos de 2006 e 2008, cerca de 90 mil pessoas receberam título de mestres e doutores em Ciências Naturais no país, porém, no mesmo período, apenas 68 pesquisadores foram contratados por empresas brasileiras. “E estamos falando de empresas como a Petrobras, empresas estatais, nacionais e multinacionais. Nossos empresários preferem comprar a tecnologia de fora”, explicou. Para ele, “a livre escolha das universidades é uma barbaridade”. “Esse negócio de cada um faz o que quer tem que terminar”, disse.
Descompasso
Os pesquisadores apontaram, ainda, um descompasso entre os interesses das empresas, do governo das universidades e da sociedade. “Precisamos definir em conjunto as pautas emergenciais e prioritárias”, defendeu Edgar Costa. Renato Dagnino lembrou que as políticas de ciência e tecnologia impulsionam outras políticas públicas, como, por exemplo, as de saúde e habitação. “Para tudo isso é necessário pesquisa”, alertou. Ele defendeu que mesmo o investimento de oito anos de governo Lula não foi capaz de convencer empresários a procurar as universidades para a criação de novas tecnologias. “O mercado mostra que isso não é interessante. Quando começarmos a investir em grandes demandas básicas, aí sim veremos os avanços”, concluiu.
Intitulado I Ciclo Pluriversidade de Debate, o encontro foi uma iniciativa de um grupo de professores da Faculdade UnB Planaltina preocupados em rediscutir as atribuições das universidades brasileiras, e seus encontros e desencontros com assuntos atuais, como sustentabilidade e desenvolvimento social e ambiental. O encontro deve ocorrer novamente nos próximo mês.
O professor Edgar Costa, da Faculdade UnB Gama, lembrou que o número de mestres e doutores formados no país é alto, mas o conhecimento produzido não se reflete em avanços substanciais em ciência e tecnologia. “Para muitos que cursam o mestrado ou doutorado, esses títulos são apenas um acréscimo no salário. Poucos estão preocupados com as transformações sociais que seus trabalhos podem gerar”, afirmou.
Para ele, é preciso que alunos e professores estejam atentos aos impactos das pesquisas produzidas, de maneira que estejam alinhadas com as demandas da sociedade. E mencionou a fome e o saneamento como temas que deveriam incitar um número muito maior de pesquisas do que as produzidas atualmente. “Nem nós da UnB conseguimos mensurar o que produzimos. Não sabemos se realmente é útil ou não. Devemos ser o primeiro local a incorporar as tecnologias produzidas aqui”, argumentou. Ele apontou ainda problemas como grades curriculares ultrapassadas, professores sem formação continuada e centros de tecnologia e universidades sucateados como fatores prejudiciais para formulação de políticas.
Renato Dagnino, professor do departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), relacionou o número de pesquisadores com o de contratações no mercado de trabalho. Segundo ele, entre os anos de 2006 e 2008, cerca de 90 mil pessoas receberam título de mestres e doutores em Ciências Naturais no país, porém, no mesmo período, apenas 68 pesquisadores foram contratados por empresas brasileiras. “E estamos falando de empresas como a Petrobras, empresas estatais, nacionais e multinacionais. Nossos empresários preferem comprar a tecnologia de fora”, explicou. Para ele, “a livre escolha das universidades é uma barbaridade”. “Esse negócio de cada um faz o que quer tem que terminar”, disse.
Descompasso
Os pesquisadores apontaram, ainda, um descompasso entre os interesses das empresas, do governo das universidades e da sociedade. “Precisamos definir em conjunto as pautas emergenciais e prioritárias”, defendeu Edgar Costa. Renato Dagnino lembrou que as políticas de ciência e tecnologia impulsionam outras políticas públicas, como, por exemplo, as de saúde e habitação. “Para tudo isso é necessário pesquisa”, alertou. Ele defendeu que mesmo o investimento de oito anos de governo Lula não foi capaz de convencer empresários a procurar as universidades para a criação de novas tecnologias. “O mercado mostra que isso não é interessante. Quando começarmos a investir em grandes demandas básicas, aí sim veremos os avanços”, concluiu.
Intitulado I Ciclo Pluriversidade de Debate, o encontro foi uma iniciativa de um grupo de professores da Faculdade UnB Planaltina preocupados em rediscutir as atribuições das universidades brasileiras, e seus encontros e desencontros com assuntos atuais, como sustentabilidade e desenvolvimento social e ambiental. O encontro deve ocorrer novamente nos próximo mês.
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