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29 de maio de 2009

REFLITA SOBRE ESTE PROBLEMA

ESCOLAS PÚBLICAS
Falta de graduação atinge 2% dos professores cearenses No Ceará, 949 professores de escolas públicas não têm nível superior. Só em Fortaleza são 654 docentesNo Ceará, 2% dos professores da rede estadual que estão em sala de aula não possuem nível superior. Crianças e adolescentes estão nas mãos dos chamados “professores leigos”, ou seja, aqueles que cursaram o Ensino Fundamental ou o ensino regular. Embora 78% dos professores do Estado tenham nível superior, “temos uma demanda de formação de 20 mil professores”, admite a secretária da Educação do Estado (Seduc), Izolda Cela.A carência de professores de nível superior do Estado é mais crítica nos anos finais do Ensino Fundamental, da 6ª a 9ª, “uma vez que essas séries exigem habilitação específica”, afirmou Izolda Cela. A situação é ainda mais grave em Fortaleza, onde 6,5% dos professores não são graduados, de acordo com dados da Secretaria da Educação do Estado e da Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (SME).Em todo o País, o Ministério da Educação (MEC) identificou 600 mil professores em exercício na rede pública sem graduação ou que trabalham em áreas diferentes das suas licenciaturas. Esse número corresponde a 32% dos 1,9 milhão de docentes de todo o País. Essas e outras informações sobre a formação e o perfil do professor brasileiro fazem parte do Censo Escolar 2007.No caso específico do Ceará, 295 professores da rede estadual têm qualificação inadequada para exercer a docência do Ensino Básico. “São aquelas pessoas que ao longo do tempo não se mobilizaram para fazer um curso superior e, estão próximos da aposentadoria”, garantiu Izolda Cela.Analisando o universo da rede pública cearense, a secretária reconhece que o desafio é grande. Na tentativa de qualificar os professores, “estamos nos articulando com o MEC, para que, em um prazo médio, possamos responder a essa demanda através das universidade públicas”, afirmou a titular do órgão.Ela adiantou que está em estudo junto a Universidade Federal do Ceará e a Universidade Estadual do Ceará a criação de reserva de vagas nas licenciaturas para os professores que estão em exercício em sala de aula. Hoje, às 13 horas, o secretário do MEC de Educação à Distância, Carlos Bielchowski, participa de reunião na Seduc, para fazer uma avaliação da universidade aberta no Ceará.De acordo com Izolda Cela, a maior carência de professores graduados é detectado nas áreas de Matemática e Ciências (Física, Química e Biologia). “Suprimos a deficiência com contrato temporária”, revela a titular da Seduc.Em Fortaleza, 654 professores da rede municipal de ensino não são graduados, concluíram apenas o Ensino Médio, de acordo com o coordenador do Ensino Fundamental e Médio da Secretaria Municipal de Educação (SME), professor Arlindo Araújo.Segundo ele, os docentes com qualificação de Ensino Médio representam 6,85% do total de professores do Município de Fortaleza, contra 41,30% de graduados e 50,08% de especialistas. “Cerca de 94% do perfil dos professores estão entre graduados e doutores. Olhando para o cenário nacional, não estamos tão ruins”.Ele afirmou ainda que no quadro municipal existem 3.941 com graduação, 4.779 com especialização, 161 com mestrado e oito com doutorado. “Tem havido um investimento sistemático e estamos incentivando o professor a buscar a titularidade e que os graduados especialização”, frisou.No momento, a SME está ofertando um curso de especialização para 200 professores que atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental e para 50 professores de arte. No próximo semestre, a Prefeitura de Fortaleza vai oferecer educação especial para 80 professores. “Só com a essa é a forma de construir a qualidade do ensino público”, finalizou.O Censo 2007 revela que as mulheres são maioria nas salas de aula das escolas públicas do Estado, respondem por 80,92% e têm idade entre 25 e 32 anos. Cerca de 83,88% dos docentes ensinam em apenas um estabelecimento de ensino, enquanto 14,03% dão aula em duas escolas. Para 57,78%, a rotina é de apenas um turno, 30,26% trabalham em dois turnos e 5,46% em três turnos diários.Ainda segundo o Censo, 39,64% dos professores cearenses lecionam para uma turma de estudantes, contra 24,76% que ensinam para cinco turmas. Para 70,36%, o contrato é com escola é urbana; 26,69% são rurais e 2,97% em escolas urbanas e rurais. SALAS SUPERLOTADASCategoria tem três minutos para se dedicar ao aluno na aulaCom salas superlotadas e fazendo jornada de trabalho dupla para aumentar a renda e pagar as contas no fim do mês, o professor cearense tem, em média, três minutos por dia para se dedicar a cada um dos seus alunos, incluindo o trabalho de corrigir provas e a atenção dispensada durante a aula. “Essa é a nossa realidade”, afirmou a presidente do Sindicato dos Professores do Ceará (Apeoc), Penha Alencar.Segundo ela, a situação é ainda pior para os professores de Filosofia que ensinam em até quatro escolas devido a carência de especialistas. “Isso é um absurdo. O professor não tem como fazer um bom trabalho, não sobra tempo para preparar as aulas no colégio”, questiona a docente.Para melhorar a qualidade do ensino, a Apeoc defende que o professor trabalhe apenas 40 horas semanais, em única escola e, de preferência, perto da sua residência. Outro problema detectado pelos professores é a superlotação nas salas de aula. A média é de 40 alunos por classe, todavia há turmas com mais de 60 estudantes.“Fica difícil o aprendizado em turmas de mais 50 alunos. Sem contar que desrespeita o espaço físico do estudante, uma vez que é previsto em lei um metro quadrado por aluno. O ar não circula, a sala de aula é uma sauna”, enfatiza.Os alunos não são iguais e o professor teria que se dedicar mais. No entanto, “com salas com até 45 pessoas não dá. O baixo salário também obriga o professor a dar aula em várias escolas ou a ter outro emprego para aumentar a renda”, afirma a presidente da Apeoc.No caso do Estado, um professor de licenciatura plena, 40 horas/aulas, recebe no fim do mês cerca de R$ 1.200,00, sem incluir as gratificações. Penha Alencar revela que a remuneração é ainda mais baixa para os docentes classificados no Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) entre o nível um até oito, ganham R$ 950,00.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
SUELEM CAMINHA
Repórter

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