Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando
Outro saber necessário à prática educativa , e que se funda na mesma raiz que acabo de discutir - a da inconclusão do ser que se sabe inconcluso - é o que fala do respeito devido à autonomia do ser do educando. Do educando criança, jovem ou adulto. Como educador , devo estar constantemente advertido com relação a este respeito que implica igualmente o que devo ter por mim mesmo. Não faz mal repetir a afirmação várias vezes feita neste texto - o inacabamento de que nos tronamos conscientes e nos fez éticos. O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. Precisamente por que éticos podemos desrespeitar a rigorosidade da ética e resvalar para a sua negação, por isso é imprescindível deixar claro que a possibilidade do desvio ético não pode receber outra designação senão a de transgressão. O Professor que desrespeita a curiosidade do educando,o seu gosto estético , a sua inquietude, a sua linguagem, mas precisamente , a sua sintaxe e a sua prosódia ; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha no lugar"ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educandom transgride os princípios fundamentais éticos de nossa existência.(...) - PAULO FREIRE EM PEDAGOGIA DA AUTONOMIA -EDITORA PAZ E TERRA, 1996
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