POSTS RECENTES

20 de fevereiro de 2011

REFLETINDO SOBRE POLITICA


OPOVO – Opinião – 12.02.2011
Não é raro que as pessoas digam: todo político é sem-vergonha. Não presta. A maioria é corrupta e má. Por isso nossos filhos terão muito vergonha em dizer:”quando eu for grande, quero ser político!” Desejaria entrar em um partido e se candidatar… Logo dirão que o jovem ficou biruta. Precisa de orientação. Psicólogo ou psiquiatra. Excelente futuro é ser advogado – um desembargador, por exemplo! – pois vai ganhar muito dinheiro e ter prestígio. Um médico famoso. Um engenheiro, arquiteto. Empresário. Coisa assim. Mas ser político?
Ora, essa postura revela uma contradição curiosa. Como melhorar a classe política, como aperfeiçoar nosso sistema representativo, se não temos pessoas preparadas? Aliás, basta o indivíduo ter um pouco mais de preocupação social para logo se dizer: esse cara deve estar com alguma pretensão camuflada. Vá ver ele quer ser político!
Ora, chega de tanto preconceito. O político é tão sujo quanto o eleitor que vende o voto. Num concurso de sujeira, quem é mais corrupto? O que vende ou o que compra? Não existiria o eleitor ficha suja?
Um dia, o filho de um carpinteiro, ao completar 30 anos, começou a frequentar ambientes miseráveis, andar com pobres pescadores, curando leprosos e cegos. Num discurso, chegou a dizer: “bem aventurados os que têm fome e sede de justiça!”
Interessante que sua mãe jamais o condenou por ter escolhido esse caminho. Nem lhe aconselhou a fazer uma faculdade para ganhar dinheiro, ficar rico. Arranjar uma moça “de família” para se casar… coisas que as nossas mães costumam falar. Não. Nada disso… Ela foi até o fim de sua caminhada. E, quando ele desceu da cruz, foi a primeira a abraçá-lo e acolhê-lo em seu colo.
Não precisa ser mártir ou divino. Basta que na hora da chamada, a resposta seja afirmativa. O compromisso radicalmente humano de servir ao próximo. A defesa intransigente da dignidade e da vida humana.
Ah! Ele mesmo advertiu: muitos são os chamados, poucos os escolhidos…
Antonio Mourão Cavalcante
Médico, antropólogo e professor universitário

Nenhum comentário: