Besteira de pai super protetor
09/07/2010 02:00
Atualizada às: 09/07/2010 01:05
No último domingo estive no Passeio Público acompanhando a programação infantil que acontecia por lá. Em determinado instante me afastei da apresentação teatral e fui andar com meu filho até uma das fontes existentes no local.
Ali estava sentada uma criança de aproximadamente 10 anos que me pediu um prato de comida. Disse que não queria dinheiro, porque se pedisse dinheiro poderia ser que não acreditasse que estava com fome. Fiquei desconcertado diante daquela cena e como não havia nenhum lugar vendendo comida nas proximidades, abri a carteira para ver quanto tinha. Acabei dando uma cédula de R$ 10. A reação foi imediata. A criança começou a chorar como se nunca tivesse visto cédula daquele valor. Até o meio da semana continuava com aquela imagem na cabeça, apesar de ter sido recriminado por algumas pessoas ao dar dinheiro naquela situação.
Na quarta-feira, ao ler O POVO logo cedo, recebo outra pancada com a matéria da jornalista Lucinthya Gomes sobre as crianças invisíveis aos olhos da Secretaria Municipal de Educação quanto à necessidade de creche.
Pode ser piegas apresentar os dois fatos neste espaço sem que haja ligação entre eles, mas confesso que como pai fiquei profundamente incomodado com os dois momentos, enquanto tenho filhos em casa se alimentando e frequentando creches. Sei que com esse artigo não vou resolver os dois problemas. Fico pensando também de que adiantam as matérias da Lucinthya se, ao que parece, o próprio poder público, ao contrário de tentar resolver o problema, prefere colocar venda nos olhos.
Nem sei, muito menos, se chegaria a resolver o problema se me dessem a oportunidade de geri-lo. No entanto, não posso deixar de externar o desconforto que senti. Coincidentemente estamos vivenciando o período eleitoral onde nos discursos há solução para todos os males da humanidade. Quem sabe até tenham e essa indignação seja só besteira de mais um pai super protetor.
Luiz Henrique Campos - Jornalistalhcampos@opovo.com.br
Ali estava sentada uma criança de aproximadamente 10 anos que me pediu um prato de comida. Disse que não queria dinheiro, porque se pedisse dinheiro poderia ser que não acreditasse que estava com fome. Fiquei desconcertado diante daquela cena e como não havia nenhum lugar vendendo comida nas proximidades, abri a carteira para ver quanto tinha. Acabei dando uma cédula de R$ 10. A reação foi imediata. A criança começou a chorar como se nunca tivesse visto cédula daquele valor. Até o meio da semana continuava com aquela imagem na cabeça, apesar de ter sido recriminado por algumas pessoas ao dar dinheiro naquela situação.
Na quarta-feira, ao ler O POVO logo cedo, recebo outra pancada com a matéria da jornalista Lucinthya Gomes sobre as crianças invisíveis aos olhos da Secretaria Municipal de Educação quanto à necessidade de creche.
Pode ser piegas apresentar os dois fatos neste espaço sem que haja ligação entre eles, mas confesso que como pai fiquei profundamente incomodado com os dois momentos, enquanto tenho filhos em casa se alimentando e frequentando creches. Sei que com esse artigo não vou resolver os dois problemas. Fico pensando também de que adiantam as matérias da Lucinthya se, ao que parece, o próprio poder público, ao contrário de tentar resolver o problema, prefere colocar venda nos olhos.
Nem sei, muito menos, se chegaria a resolver o problema se me dessem a oportunidade de geri-lo. No entanto, não posso deixar de externar o desconforto que senti. Coincidentemente estamos vivenciando o período eleitoral onde nos discursos há solução para todos os males da humanidade. Quem sabe até tenham e essa indignação seja só besteira de mais um pai super protetor.
Luiz Henrique Campos - Jornalistalhcampos@opovo.com.br
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