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12 de março de 2011

uma reflexão pertinente

O PODER DA CIÊNCIA"
Cristóvão Buarque é autoridade que não se põe em textilha no campo educacional (9/3, A2). Parece-nos, todavia, que seu artigo, elaborado em conjunto com Jorge Werthein, representante da Unesco no Brasil, concebem a educação sob o prisma exclusivo de objetivos desenvolvimentistas. Perdemos muito de nossa massa crítica com a reforma educacional que se iniciou com o Plano de Diretrizes e Bases da Educação do então Ministro Tarso Dutra, seguido pelo Cel. Jarbas Passarinho, no governo militar. A mesma edição do jornal dá conta de que sobram vagas nas faculdades do Estado de São Paulo, onde é apertada a disputa pelos cursos de direito e de medicina. Uma sociedade deve estar preparada em todos os campos do saber humano e sua vida é impulsionada por múltiplas atividades cognitivas, incluindo-se a filosofia e a psicologia, curialmente desprezadas no Brasil, em razão de uma visão enviesada que leva o povo a uma miopia sobre os assuntos mais comezinhos até as maiores complexidades da vida nacional. Aristóteles, que dominou o pensamento humano até o início do século das luzes, e ainda hoje tem seguidores, em seu Liceu, nas primeiras horas da manhã, orientava a população em como se conduzir nos assuntos mais triviais, como a convivência doméstica; depois iniciava suas lições àqueles que desejam preparar-se para alguma atividade; e, à noite, passava aos iniciados os conhecimentos sobre todos os ramos pelos quais a inteligência humana pode enveredar. Há um outro aspecto: a educação deve ser direcionada para as aptidões vocacionais do ser humano, não acomodar-se aos objetivos estratégicos - desenvolvimentistas ou não - impostos por um determinado governo. O fiasco da União Soviética ao pretender determinar o futuro intelectual de seus habitantes - determinando, por exemplo, a só formação de engenheiros, para implementar um plano quinquenal - deu no que deu. O sistema derruiu e, hoje, o maior entrave à criação de uma sociedade feliz na Rússia é a carência de saber de seus cidadãos. Creio que os seres humanos devem ser preparados para construir uma sociedade civilizada, aberta, democrática, lúcida e crítica, e não apenas para promover o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.
Amadeu R. Garrido de Paula amadeugarridoadv@uol.com.br
São Paulo
Fonte: www.estadao.com.br

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