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21 de abril de 2009
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ENTRAVES NA AREA DA EDUCACAO
A educação vem sendo tema de muitos artigos de opinião. Articulistas cobram uma mudança radical, nessa área, por parte do governo e da sociedade.
Países que hoje são desenvolvidos (exemplo: Japão), que estão se desenvolvendo (exemplo: China e Índia) investiram e ainda investem fortemente em políticas de médio e longo prazos voltadas para a educação.
Contudo, não podemos ser inocentes, simplistas, românticos e utópicos e defender a idéia de que a educação sozinha poderá modificar tudo e transformar o país num paraíso. Ela tem o poder de transformar as pessoas e as pessoas, por sua vez, transformam a sociedade. A educação deve estar integrada às mudanças culturais, políticas, sociais e econômicas.
Claro que um povo “bem educado” gera mudanças, transformações, um país melhor.
Damos início a este artigo com os seguintes questionamentos: Quais são os principais entraves da educação no Brasil? Nossa educação tem solução? O que é necessário para melhorar?
Os números da matéria “Desperdício bilionário”, elaborada por Erika Klingl (Correio Braziliense de 29/01/07), oferecem informações interessantes para uma reflexão. O Brasil perde R$ 14 bilhões por ano com a repetência e a evasão escolar nos ensinos Fundamental e Médio. Completa afirmando que essa soma é o equivalente a 560 prêmios acumulados da Megassena de R$ 25 milhões de reais. Esse desperdício “daria para comprar, durante 30 anos, 102,5 milhões de livros de alfabetização e das disciplinas de português, matemática, ciências, história e geografia, beneficiando 28,6 milhões de estudantes de 1ª a 8ª séries que, segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), custam R$ 456,7 milhões aos governos”.
Os formuladores de políticas públicas têm que pensar formas e fórmulas de evitar a evasão e a repetência, mantendo um alto nível na qualidade de ensino/aprendizagem.
Esclarecemos que “aprovar” o aluno automaticamente, como vem acontecendo em alguns estados (incluindo São Paulo – Estado mais desenvolvido da nação) não é a solução. Aprovar automaticamente o aluno é colocar a qualidade da educação na “lata de lixo”. Buscar a diferenciação das escolas através de “recompensas”, abonos salariais dos professores com base no número de aprovados, menor evasão, certamente é dar um tiro no pé. Na verdade, temos é que ter qualidade.
Há murmúrios sobre “premiar” o aluno pelo seu desempenho que, no atual contexto, também não é a solução. Não seria novidade professores trabalharem sob forte pressão, ameaças e até mesmo agressões físicas, caso não aprove o aluno, para que o mesmo obtenha seu “prêmio” doado pelo governo e pago pelo contribuinte. Isso nos cheira mais uma política de “economia burra” e eleitoreira.
Acreditamos que, antes de qualquer coisa, os governos (Federal, Estaduais e Municipais) deveriam investir maciçamente e continuamente na área da educação. A escola deve ser colocada onde ela merece estar.
Retomar o respeito e a importância das mesmas na vida da comunidade é fundamental. Antigamente, todos respeitavam as escolas, os professores, os servidores e os diretores. Havia uma admiração por estes espaços quase que sagrados do saber.
Entretanto, em poucos anos de pura incompetência, ingestão e de busca por economia, aliás, “economia burra”, nossa educação se transformou. Os governos deixaram de investir na educação para gastar com medidas contra a delinqüência, a violência, o delito, o dolo, o crime etc.
Ibrhaim Abi-Akel, no artigo “Uma cancela no caminho” (Jornal Estado de Minas de 29/09/07), mostra que “o Brasil aplica, por aluno, a metade do que fazem México e Chile e 10 vezes menos em relação aos Estados Unidos [...] O governo da união destina a investimentos em educação, 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB)”. Não podemos esquecer que nosso PIB não é elevado, pelo contrário, nos últimos anos, nossa economia cresce menos que a dos demais países, prova disso é que perdemos várias posições no ranking das economias mundiais.
A educação sempre teve o objetivo de cultivar e transmitir o saber. Não há “novos saberes” sem que haja a educação de base. Neste caso, é inegável que os professores são protagonistas no processo ensino/aprendizagem, mas, ano após ano, vêm sendo desvalorizados e desmotivados pelo governo e pela sociedade. Estão se tornando meros coadjuvantes até mesmo simples figurantes. A auto-estima do professor (principalmente) do Ensino Fundamental e Médio está em baixa e isso também repercute de forma negativa na educação do Brasil.
Nossa educação precisa sofrer um “tratamento de choque”. Só está de pé por esforços heróicos de alguns diretores, professores e servidores que realmente amam o que fazem, já que convivem, diariamente, com graves problemas como o vandalismo, a violência, o narcotráfico, a indisciplina, os baixos salários, o desrespeito entre tantos entraves, sem ter respaldo institucional.
Por fim, façamos justiça ao lembrarmos que todos (sem exceção) têm sua parcela de culpa nessa educação vergonhosa do nosso amado Brasil. Governo, professores, servidores e, em especial, alunos e família que, de certa forma, estão imóveis a esse processo de sucateamento da educação. Os valores vêm sendo trocados, já que a sociedade tem privilegiado a “Lei do menor esforço” e esperam que as soluções caiam do céu. Existe uma sensação de não haver movimentos sociais, nem mesmo entidades de classes que defendam a melhoria da educação. É chegada a hora de pensarmos na necessidade de investimentos em educação (nesse caso preventivos) ou gastarmos muito em medidas que remediam o problema da violência como presídios, armas entre outros.
Cadê as UNE, a OAB, a CNI, o MST, os direitos humanos, as igrejas, as federações, os sindicatos que saiam as ruas em defesa dos interesses coletivos? Estão embaixo do “guarda-chuva” do governo? Ou isso não traz tantos “holofotes”, ganhos políticos e recursos financeiros como esperam?
* Altair de Carvallho, Daiana Macarine de Moura e Márcia Lin: Acadêmicos do 3º. Ano de Administração da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD);
** Katyany Santana Malta: Acadêmica do 4º. Ano de Administração da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
***Marçal Rogério Rizzo: Economista, Professor Universitário; Mestre em Economia e Doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente.
Sobre o Autor
Marçal Rogério Rizzo: Professor Assistente na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) estando lotado no Campus de Três Lagoas no Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCS). É graduado em Ciências Econômicas, Especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Universidade Estadual de Campinas/SP (CESIT/IE/UNICAMP), Especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras/MG (UFLA), Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário Toledo de Araçatuba/SP (UNITOLEDO), Especialista em Gestão e Manejo Ambiental na Agroindústria pela Universidade Federal de Lavras/MG (UFLA), Mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas/SP (IE/UNICAMP) e doutorando em Geografia na área de Dinâmica e Gestão Ambiental pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCT/UNESP) – Campus de Presidente Prudente/SP.
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