Opinião
Artigo
Brasil, um país de todos
Gilvan Rocha
16 Abr 2010 - 01h18min
Estávamos
diante da televisão quando se repetiu, pela milésima vez, o slogan do
governo Lula: ``Brasil, um país de todos``. A compositora e sambista
Adelitta Monteiro não conseguiu conter a sua indignação. Disse ela na
ocasião: ``é muito descaramento, é muito cinismo dizer que o Brasil é
de todos. Ora, de quem são as terras do Brasil? De quem são os bancos
endinheirados? De quem é o agronegócio? De quem é o grande comércio? De
quem são as minas e os minérios senão da burguesia fartamente
enriquecida? Para a grande maioria, mais das vezes, não resta nada além
de uns palmos de terra que um dia lhe servirão de removível sepultura e
ainda têm a desfaçatez de proclamar que esse Brasil, cantado em prosa e
versos, nos pertence.``
Isso é fazer a massa de trabalhadores, estudantes e donas de casa
de idiota. Isso mesmo. Desde cedo a velha burguesia, usando os mais
diversos instrumentos, trata de nos transformar em idiotas políticos
para assim poder perpetuar seus privilégios.
Sendo assim, cabe-nos um só caminho: desfazermo-nos das ilusões,
das mentiras tão bem plantadas em nossas cabeças. Temos que abrir os
olhos, e nos tornar gente consciente e, isso significa enxergar que
esse imenso Brasil, ``a pátria amada``, tem seus donos e que não
passamos de despossuídos. É bem verdade que alguns milhões de
deserdados recebem migalhas através de campanhas compensatórias, tipo
``Bolsa Família``, que servem muito bem para evitar tensões sociais e
comprar o apoio dos desvalidos.
Não tínhamos como discordar da nossa querida compositora e sambista
cuja indignação motivava-a compor mais uma de suas peças de samba que
havemos de vê-la cantar para afugentar a desinformação e o deboche que
eles não têm nenhum pejo em exercitar.
Somente e tão somente, quando o povo trabalhador, o letrado ou
iletrado, quebrar as amarras da alienação e se transformar em uma massa
de gente consciente é que podemos dar uma virada histórica e proclamar:
``Brasil, um país de quem trabalha`` inserido num mundo de iguais, de
justiça e paz.
Gilvan Rocha - Presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos
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