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21 de outubro de 2009

PARECER DE RUBEM ALVES SOBRE PAULO FREIRE

Este parecer de Rubem Alves sobre o ingresso de Paulo Freire como Professor Titular da UNICAMP é um soco no estômago dos que utilizam a teoria do piolho na UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA.

PARECER DE RUBEM ALVES PARA TRANSFORMAR PAULO FREIRE EM PROFESSOR TTIULAR DA UNICAMP

O objetivo de um parecer , como própria palavra sugere, é dizer a alguém que supostamente nada ouviu e que, por isso mesmo, nada saber, aquilo que parece ser , aos olhos do que fala ou escreve. Quem dar um parecer empresta os seus olhos e o seu discernimento a um outro que não viu e nem pode meditar sobre a questão em pauta. Isto é necesário porque os problemas são muitos e os nossos olhos são apenas dois.

Há entretanto, certas questões sobre as quais emitir um parecer é quase uma ofensa. Emitir um parecer sobre Niestzsche ou sobre Beethoven ou sobre Cecília Meireles ? Para isso seria necesário que o signatário do documento fosse maior que eles e o seu nome mais conhecido e mais digno de confiança que aqueles sobre quem escreve...

Um parecer sobre Paulo Réglus Neves Freire.

O seu nome é conhecido um universidades através do mundo todo.

Não o será aqui, na UNICAMP? E será por isto que deverei acrescentar a minha assinatura ( nome conhecido, doméstico), como avalista?

Seus livros, não sei em quantas línguas estarão publicados . Imagino ( e bem pode ser que eu esteja errado) que nenhum outro dos nossos docentes terá publicado tanto, em tantas línguas. As teses que já escreveram sobre seu pensamento forma biografias de muitas páginas. E os artigos escritos sobre o seu pensamento e sua prática educativa, se publicados, seriam livros.

O seu nome, por si só em pareceres domésticos que o avalizem , transita pelas universidades da América do Norte e da Europa. E quem quisesse acrescentar a este nome a sua própria “carta de apresentação” só faria papel ridículo.

Não. Não posso pressupor que este nome não seja conhecido na UNICAMP. Isto seria ofender aqueles que compõem seus órgão decisórios.

Por isso meu parecer é um recusa em dar um parecer. E nesta recusa vai, de forma implícita e explícita , o espanto de que eu devesse acrescentar o meu nom ao de Paulo Freire. Como se , sem o meu , ele não se sustentasse.

Mas ele se sustenta sozinho.

Paulo Freire atingiu o ponto máximo que um educador pode atingir

A questão é se desejamos te – lo conosco.

A questão é se ele deseja trabalhar ao nosso lado.

É bom dizer aos amigos: Paulo Freire é meu colega. Temos sala no mesmo corredor corredor da Faculdade de Educação da UNICAMP.

Era o que me cumpria dizer.

RUBEM ALVES, 25 DE Maio de 1985

2 comentários:

Rosemar Prota disse...

Perfeito! Parabens ao autor do blog por sua postagem!

Anônimo disse...

Bosta!